segunda-feira, 22 de junho de 2015

Os cinco elementos importantes para o estudo de Yoga e Vedanta.

Hoje vou comentar um pouco do que entendi sobre esse processo pelo qual passamos, e que são necessários dentro do mundo do yoga e Vedanta, são eles cinco elementos: Sraddha, Virya, Smrti, Samadhi e Prajna. Sraddha - É a conexão com o conhecimento, faz parte de uma química que acontece entre aluno e professor, ou seja! empatia. É a porta de entrada, é o primeiro passo para entrar numa aula de Vedanta. Isso acontece quando o ego está preparado para ver algo além dele. Lembro que quando vi a reportagem do professor Jonas no Globo Reporte, senti algo que estava além daquilo que ele falava, o que senti não saia dos seus lábios, mas algo em seu olhar e gestos sei lá..., e foi essa conexão que me levou a procurar outros vídeos dele, e que me trouxe até o estudo do Vedanta. Virya - É o elemento que faz com que a pessoa se conecte com o estudo através da sua coragem. Esse é o momento em que vamos mostrar nossa coragem, principalmente a coragem de se ver através dos outros. No Vedanta Camp tudo estava tranquilo até o momento em que o Professor Jonas anunciou que iriamos construir tendas, montar altar, fazer fogueira e outras tarefas. Até aí tudo bem, mas quando ele disse que iriamos fazer tudo isso no mesmo dia do jejum confesso que fiquei muito preocupado, e me deu certo medo de não aguentar, pois no dia dia quando eu fico sem almoçar eu chego a tremer, fico nervoso, impaciente, ou seja, não aguento! Mas no Vedanta Camp pensei, estou aqui então vou encarar, até hoje ainda me pergunto, como eu consegui fazer aquilo tudo, subir troncos pesados lá pro alto da montanha, cortar árvores, montar tendas, subir e descer a montanha várias vezes durante o dia, confesso que não foi moleza, e fiz tudo isso sem comer, realmente foi uma provação de coragem, e teve também é claro o esforço, mas se antes não houvesse coragem não teria feito. Sraddha e virya são elementos que compõe tudo que serve de base para introdução ao yoga e Vedanta. Smrti – É o elemento que nos possibilita o trabalho das qualificações da mente com base numa vida de yoga e disciplinas precedidas pela tradição védica como alfabetização, pujas, meditações... Samadhi – É o estado da arte da meditação, é fruto de estudos, questionamentos e contemplação, que evoluem à medida que nos entregamos ao estudo. E por ultimo, Prajna - Que é o conhecimento firme e estabelecido, é a consequência natural dos passos anteriores. Harih om

domingo, 14 de junho de 2015

Segurança, aqui vou eu..

Hoje vou compartilhar com vocês o que para mim seria um dos principais obstáculos que enfrentei para seguir na direção para o autoconhecimento (moksha). Trata-se de um aspecto relacionado á segurança (artha), que é minha dificuldade de ter o dinheiro suficiente para me sentir seguro, se é que algum dinheiro me traria segurança. Percebi, ainda muito novo, que a falta de dinheiro em casa era um dos problemas principais. A comida era contada, não tinha isso de ter algo a mais para comer além do básico. O que tinha era feijão, arroz, ovos ou um pedaço de bife (tinha que escolher), aos domingos uma galinha assada. Mas, como eu nunca fui chegado a nenhum tipo de carne, comia ovos mesmo. Roupas? O essencial. Saídas com a família era raro. Por conta disso fui estimulado a trabalhar muito cedo, meus pais queriam que eu tivesse uma ocupação para que eu não ficasse à toa na rua junto com a molecada o dia inteiro. Entre 10 e 12 anos, fui vender picolé e salgadinhos. Entre 13 e 15 trabalhei em fabricas de bolsa, fabricas de luminárias e até uma banquinha de sapatos no mercado municipal. Isso tudo ouvindo o discurso do meu pai de que eu tinha que trabalhar, pois com o trabalho e dinheiro na mão eu teria segurança! Sim, todos nós precisamos estar seguros, mas acho que esse discurso de que ter que trabalhar para ter segurança foi, por várias vezes, repetido ao longo do tempo acompanhado da mensagem de ter que ser submisso, me forçando a aceitar qualquer coisa vinda dos meus superiores. Acho que isso muito mais me prejudicou do que me ajudou. Tornei-me um empregado servil ao extremo e, como se não bastasse, esse aspecto ultrapassou as paredes dos locais de trabalho. Sentia-me incapacitado, com baixa autoestima. Tinha medo de expor minhas opiniões e ser ridicularizado e por conta disso, muitas vezes, em determinadas situações, preferi o silêncio. Deixei de ir a muitos encontros de grupos com temas voltados ao autoconhecimento para não ter que sair um pouco mais cedo a fim de chegar a tempo, ou é claro, por falta de grana. Confesso que artha ainda é um tema difícil para mim, mas hoje bem mais leve e sem o peso de tempos atrás. Pude observar com minhas próprias experiências que essa segurança baseada em bem materiais e grana só me levou ao estresse e a perda de oportunidades. Acho que o significado de artha parece estar muito além do que penso e caminhando nesse sentido estou descobrindo que segurança é mais sutil do que eu sempre imaginei, e quando eu realmente relaxei os caminhos para moksha começaram a se abrir. Harih om

sábado, 6 de junho de 2015

BAILE DE MÁSCARAS

Ainda me lembro de uma angustia que me tomava e fazia de mim uma criança inquieta. Achava que algo estava fora do lugar ou faltando, e eu não conseguia saber o quê. Não encontrava a resposta em mim. Talvez estivesse fora. Queria que alguém me explicasse. Deus? Tudo que era misterioso me fascinava, chamava a minha atenção, instigava em mim curiosidades. Assuntos como bruxaria, espiritismo, OVNI, gurus de toda espécie despertavam meu interesse e a esperança de obter a resposta para essa falta que eu sentia. Então achei nas bancas de revistas coleções que tratavam desses assuntos e outros tantos que eu não conhecia. Primeiro fiquei fascinado pelo céu, e passava horas olhando pra ele em busca de luzes piscando durante a noite, e quem sabe um contato. Não demorou muito isso passou dando lugar ao espiritismo e sessões mediúnicas. Com o tempo fui percebendo que tais fenômenos ainda não eram o que eu buscava. Um dia fui convidado a assistir a uma palestra de um grupo da Gnose, eles abordavam assuntos como chacras, os sete corpos, kundalini, meditação etc. Durou alguns anos meu deslumbramento com os estudos, viagens com corpo astral, proteção espiritual, contatos com mestres ascencionados e outras tantas estripulias do gênero. Nos livros da Gnose, encontrei referências como Helena Blavatsky, Jorge Adoum, Gurdjieff, J. Krishnamurti, e tive vontade de beber na fonte. Fui atrás. Mas para minha surpresa fui “desestimulado” a ler esses autores por membros mais antigos (eu devia me limitar às explicações encontradas nos livros da gnose). A isso somaram-se as práticas relacionadas à abstenção sexual, que já estavam difíceis de cumprir, e então pulei fora. Foi nesse momento que, por acaso, encontrei Rajneesh (Osho) que era o oposto disso tudo, Liberdade! Me lembro que nessa transição cheguei a frequentar a Sociedade Teosófica que era recheada de muita leitura, mas naquele momento o movimento Rajneesh era libertador, e o discurso “meditação sem repressão” era o que eu precisava: poder fazer de “tudo” desde que praticasse meditações diariamente. Bastaria meditar e me tornaria mais consciente e amoroso. Entrei com tudo! Trabalho com corpo, respiração e grupos de finais de semana, as sensações e os prazeres eram explorados constantemente, em meio a isso tudo vindo de Osho pela primeira vez eu tive contato com temas como Upanishads, Vedas, Patanjali, Shankara . O que me abriu um novo leque de possibilidades (mais tarde eu viria a estudar esses temas dentro da tradição professor e aluno do Vedanta), e como se não bastasse estar vivendo isso tudo, fui viver a experiência de beber Ayahuasca com a promessa de uma viagem, através do veículo que é o chá, aos poucos me levaria ao entendimento dessa minha inquietude e ao preenchimento dessa falta que eu ainda sentia. Percebo que todo esse caminho que eu trilhei começou com a busca por um Deus que pudesse me salvar e, algum tempo depois, percebi que isso não iria acontecer. Passei a procurar por um modo de me tornar uma pessoa melhor e, para isso, realizei trabalhos com chacras, kundalini, visualizações, meditações de diversos tipos etc.. Tudo feito de forma solta e sem um método. Hoje estou aprendendo que não falta nada, que sou o que sou da melhor forma, e tenho gratidão por cada uma dessas experiências vividas, pois elas foram o caminho para eu chegar até aqui. Om!

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Samsara II

Ainda novo, com meus 16 anos, tive a “sorte” de conseguir meu primeiro emprego de carteira assinada, recebia um salário mínimo por mês, com essa grana conseguia comprar minhas próprias roupas e minhas saídas finais de semana sem precisar da ajuda de meus pais. Iludido acabei largando os estudos, ouvia as historias de que o gerente geral da empresa começou como eu na mesma empresa, isso me dava ânimo para ser o melhor! Fazia tudo da melhor forma possível, eu chegava 30 minutos antes de abrir e quase sempre era um dos últimos a sair, não demorou muito fui promovido a vendedor, caramba! Meu salário triplicou, quando recebi meu primeiro salário como vendedor, custei acreditar! Quatro bolos de dinheiro enrolados com borrachinhas elásticas! Eu contei e recontei aquele dinheiro várias vezes durante o dia e lembro que antes de ir pra casa entrei numa loja, enchi duas sacolas de roupas de marcas, e ainda cheguei em casa com dois bolos de dinheiro, fui logo mostrar aos meus pais, eles pareciam estar satisfeitos, mas é claro me alertaram para que eu sempre guardasse parte da grana, e que gostariam me ver estudando do que recebendo aquele salário, juntos eles não recebiam a quantia que eu recebia naquele período e me diziam que eu estava iludido. Ganhar “bem” naquela época me fez afastar um pouco de meus pais, quase não parava em casa, acho que faltou maturidade. Não demorou muito as vendas caíram à empresa entrou em dificuldades, e como solução os donos começaram a cortar gastos, fui chamado ao departamento pessoal e lá me disseram que eles não precisavam mais dos meus serviços como vendedor, então de repente eu senti um gelo no peito, uma sensação de vazio e sem acreditar, eu desci as escadas, quase não conseguia sentir meu corpo, eu fiquei passado, aéreo sei lá... Achava que isso nunca ia acontecer comigo, eles (os donos da empresa) gostavam tanto de mim, eu pensava... Naquele dia diferente dos outros, invés de esperar o ônibus no ponto como de costume, fui pra casa andando, olhando os prédios, as ruas e as pessoas, não conseguia acreditar no que estava acontecendo e tentava em meio todo esse movimento achar uma resposta e só encontrava em mim tristeza e raiva, tristeza pelo acontecido e raiva de ter nascido onde eu nasci, de morar onde eu morava dos meus amigos, raiva até da minha família! Passou uma semana e eu ainda estava aéreo e desempregado, achando que aquilo que eu estava vivendo era o fim do mundo e nada podia ser pior até que um dia naquela mesma semana atravessando uma avenida no centro de Vitória um carro avança o sinal e me pega em cheio, acordei no meio do asfalto rodeado de gente, por sorte não tive nada sério a não ser, as dores provenientes da pancada que durou dias, dor essa que me fez esquecer a dor do desemprego. Fiquei alguns dias de cama em casa aos cuidados de meus pais, com visitas constantes dos meus amigos; a presença de todos ali não aliviavam as dores físicas, mas me trazia um conforto tão grandes, que as dores se tornavam insignificantes. Harih om