segunda-feira, 1 de junho de 2015

Samsara II

Ainda novo, com meus 16 anos, tive a “sorte” de conseguir meu primeiro emprego de carteira assinada, recebia um salário mínimo por mês, com essa grana conseguia comprar minhas próprias roupas e minhas saídas finais de semana sem precisar da ajuda de meus pais. Iludido acabei largando os estudos, ouvia as historias de que o gerente geral da empresa começou como eu na mesma empresa, isso me dava ânimo para ser o melhor! Fazia tudo da melhor forma possível, eu chegava 30 minutos antes de abrir e quase sempre era um dos últimos a sair, não demorou muito fui promovido a vendedor, caramba! Meu salário triplicou, quando recebi meu primeiro salário como vendedor, custei acreditar! Quatro bolos de dinheiro enrolados com borrachinhas elásticas! Eu contei e recontei aquele dinheiro várias vezes durante o dia e lembro que antes de ir pra casa entrei numa loja, enchi duas sacolas de roupas de marcas, e ainda cheguei em casa com dois bolos de dinheiro, fui logo mostrar aos meus pais, eles pareciam estar satisfeitos, mas é claro me alertaram para que eu sempre guardasse parte da grana, e que gostariam me ver estudando do que recebendo aquele salário, juntos eles não recebiam a quantia que eu recebia naquele período e me diziam que eu estava iludido. Ganhar “bem” naquela época me fez afastar um pouco de meus pais, quase não parava em casa, acho que faltou maturidade. Não demorou muito as vendas caíram à empresa entrou em dificuldades, e como solução os donos começaram a cortar gastos, fui chamado ao departamento pessoal e lá me disseram que eles não precisavam mais dos meus serviços como vendedor, então de repente eu senti um gelo no peito, uma sensação de vazio e sem acreditar, eu desci as escadas, quase não conseguia sentir meu corpo, eu fiquei passado, aéreo sei lá... Achava que isso nunca ia acontecer comigo, eles (os donos da empresa) gostavam tanto de mim, eu pensava... Naquele dia diferente dos outros, invés de esperar o ônibus no ponto como de costume, fui pra casa andando, olhando os prédios, as ruas e as pessoas, não conseguia acreditar no que estava acontecendo e tentava em meio todo esse movimento achar uma resposta e só encontrava em mim tristeza e raiva, tristeza pelo acontecido e raiva de ter nascido onde eu nasci, de morar onde eu morava dos meus amigos, raiva até da minha família! Passou uma semana e eu ainda estava aéreo e desempregado, achando que aquilo que eu estava vivendo era o fim do mundo e nada podia ser pior até que um dia naquela mesma semana atravessando uma avenida no centro de Vitória um carro avança o sinal e me pega em cheio, acordei no meio do asfalto rodeado de gente, por sorte não tive nada sério a não ser, as dores provenientes da pancada que durou dias, dor essa que me fez esquecer a dor do desemprego. Fiquei alguns dias de cama em casa aos cuidados de meus pais, com visitas constantes dos meus amigos; a presença de todos ali não aliviavam as dores físicas, mas me trazia um conforto tão grandes, que as dores se tornavam insignificantes. Harih om

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