sábado, 6 de junho de 2015

BAILE DE MÁSCARAS

Ainda me lembro de uma angustia que me tomava e fazia de mim uma criança inquieta. Achava que algo estava fora do lugar ou faltando, e eu não conseguia saber o quê. Não encontrava a resposta em mim. Talvez estivesse fora. Queria que alguém me explicasse. Deus? Tudo que era misterioso me fascinava, chamava a minha atenção, instigava em mim curiosidades. Assuntos como bruxaria, espiritismo, OVNI, gurus de toda espécie despertavam meu interesse e a esperança de obter a resposta para essa falta que eu sentia. Então achei nas bancas de revistas coleções que tratavam desses assuntos e outros tantos que eu não conhecia. Primeiro fiquei fascinado pelo céu, e passava horas olhando pra ele em busca de luzes piscando durante a noite, e quem sabe um contato. Não demorou muito isso passou dando lugar ao espiritismo e sessões mediúnicas. Com o tempo fui percebendo que tais fenômenos ainda não eram o que eu buscava. Um dia fui convidado a assistir a uma palestra de um grupo da Gnose, eles abordavam assuntos como chacras, os sete corpos, kundalini, meditação etc. Durou alguns anos meu deslumbramento com os estudos, viagens com corpo astral, proteção espiritual, contatos com mestres ascencionados e outras tantas estripulias do gênero. Nos livros da Gnose, encontrei referências como Helena Blavatsky, Jorge Adoum, Gurdjieff, J. Krishnamurti, e tive vontade de beber na fonte. Fui atrás. Mas para minha surpresa fui “desestimulado” a ler esses autores por membros mais antigos (eu devia me limitar às explicações encontradas nos livros da gnose). A isso somaram-se as práticas relacionadas à abstenção sexual, que já estavam difíceis de cumprir, e então pulei fora. Foi nesse momento que, por acaso, encontrei Rajneesh (Osho) que era o oposto disso tudo, Liberdade! Me lembro que nessa transição cheguei a frequentar a Sociedade Teosófica que era recheada de muita leitura, mas naquele momento o movimento Rajneesh era libertador, e o discurso “meditação sem repressão” era o que eu precisava: poder fazer de “tudo” desde que praticasse meditações diariamente. Bastaria meditar e me tornaria mais consciente e amoroso. Entrei com tudo! Trabalho com corpo, respiração e grupos de finais de semana, as sensações e os prazeres eram explorados constantemente, em meio a isso tudo vindo de Osho pela primeira vez eu tive contato com temas como Upanishads, Vedas, Patanjali, Shankara . O que me abriu um novo leque de possibilidades (mais tarde eu viria a estudar esses temas dentro da tradição professor e aluno do Vedanta), e como se não bastasse estar vivendo isso tudo, fui viver a experiência de beber Ayahuasca com a promessa de uma viagem, através do veículo que é o chá, aos poucos me levaria ao entendimento dessa minha inquietude e ao preenchimento dessa falta que eu ainda sentia. Percebo que todo esse caminho que eu trilhei começou com a busca por um Deus que pudesse me salvar e, algum tempo depois, percebi que isso não iria acontecer. Passei a procurar por um modo de me tornar uma pessoa melhor e, para isso, realizei trabalhos com chacras, kundalini, visualizações, meditações de diversos tipos etc.. Tudo feito de forma solta e sem um método. Hoje estou aprendendo que não falta nada, que sou o que sou da melhor forma, e tenho gratidão por cada uma dessas experiências vividas, pois elas foram o caminho para eu chegar até aqui. Om!

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